A reitoria da UFABC (Universidade Federal do ABC) mudou seu posicionamento em relação à greve de professores, estudantes e funcionários que já dura 77 dias. Em comunicados oficiais, publicados no site da instituição, a direção pede que o movimento acabe. A reitoria afirma nos informes que a greve por tempo indeterminado prejudica os estudantes. Outro ponto apontado pela direção para o fim imediato do movimento é a complexidade da criação de um novo calendário escolar e da reposição das aulas.
O acordo inicial com os professores era de que as novas datas seriam discutidas apenas após o fim da paralisação. A reitoria, porém, convocou o Conselho de Ensino e Pesquisa para começar estudos sobre a reposição.
Para o presidente da Adufabc (Associação dos docentes da UFABC), Armando Caputi, a decisão só aumenta a ansiedade dos estudantes. “Até a semana passada, a reitoria estava em sintonia com o movimento, mas agora adotou postura de pressão. Os professores aprovaram uma moção de repúdio e irão convocar o conselho universitário sobre a reposição”, disse.
Professores, funcionários e estudantes realizaram assembleias ontem. Apenas os estudantes não haviam decidido, até o fechamento desta edição, pela continuação da paralisação. Uma nova proposta será entregue ao governo federal nos próximos dias. De acordo com Caputi, o movimento irá propor a manutenção dos tetos salariais sugeridos pela União, mas modifica a estruturação intermediária. “Desta forma, os impactos no orçamento serão menores.”
O Ministério da Educação, porém, afirma que não negocia mais com os professores.
O que diz cada lado
‘A Reitoria entende que, ao desmobilizar sete mil alunos, mantendo-os em casa sem propósito durante meses a fio, a UFABC está falhando na sua missão educativa, fragilizando-se perante a opinião pública.’ (Nota oficial da reitoria da UFABC sobre a greve na instituição)
‘Aprovamos a continuação da greve e temos uma contraproposta para retomar o diálogo com o governo federal. A reitoria da UFABC adotou uma postura de pressão que só traz mais ansiedade para os alunos.’Armando Caputi, presidente da ADUFABC (Associação dos Docentes da UFABC)